O representante de assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, expressou sua discordância em relação à decisão do governo de Israel de designar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva como persona non grata. A declaração foi feita após o anúncio da medida na segunda-feira (19.02), um dia depois de Lula (PT) fazer uma comparação entre a morte de palestinos na Faixa de Gaza e o Holocausto que vitimou 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, considerando tal comparação como um absurdo.
“Ainda não falei com o presidente e, portanto, vou dar minha opinião: acho um absurdo essa declaração do governo de Israel”, disse Amorim ao GLOBO, momentos antes de chegar ao Palácio da Alvorada, para uma reunião com o presidente.
Outro motivo de desconforto em Brasília, conforme informado por fontes da área diplomática, foi a convocação do embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, para uma reunião com autoridades israelenses no Museu do Holocausto. A percepção é que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, está capitalizando politicamente a declaração de Lula.
Antes de deixar a Etiópia, durante uma coletiva de imprensa, Lula fez uma analogia entre as mortes de palestinos em Gaza e o genocídio de judeus na Alemanha nazista liderada por Adolf Hitler. Logo em seguida, o governo de Israel anunciou que tomaria medidas disciplinares contra o embaixador brasileiro em Tel Aviv. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou as palavras do presidente do Brasil, classificando-as como “vergonhosas e graves”.